Os resultados do Erce 2019 foram apresentados (veja aqui e aqui) em evento promovido pela Oficina Regional de Educação para América Latina e Caribe (OREALC) da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) Santiago. O estudo é conduzido pelo Laboratório Latino-americano de Avaliação da Qualidade da Educação (LLECE), ligado à OREALC. O Inep é responsável pelo planejamento e a operacionalização do Erce no Brasil.
Segundo os resultados do Estudo Regional Comparativo e Explicativo (Erce) 2019, entre os países participantes, o Brasil, Costa Rica e Peru tiveram resultados substantivamente superiores a média regional. Como se observa no Gráfico 1, os três países que apresentam uma maior percentagem de estudantes acima do Nível I no 3o ano são Peru (75,6%), Costa Rica (74,7%) e Brasil (72,4%).
Como a aplicação ocorreu em 2019, não se pode afirmar haver relação das melhorias com políticas do atual Governo Bolsonaro nos resultados.
Em Matemática 3° ano, Cuba obteve média mais elevada entre os países participantes. Os três países que apresentaram maior percentagem de estudantes acima do Nível I são Cuba (75%), Peru (70,7%) y Brasil (69%).
Na prova de ciências para estudantes do 6o ano, Cuba apresentou desempenho mais destacado (com 779 pontos, superando em 77 pontos a média regional). Junto a Costa Rica, são os dois países que apresentam a maior percentagem de estudantes que alcançam os níveis superiores de desempenho.
Foram publicados os relatórios nacionais e regional. O primeiro contém informações específicas sobre o desempenho dos estudantes em cada país. O outro traz dados de todos os países participantes e uma perspectiva de análise comparada. Ao todo, o Erce 2019 avaliou 160 mil alunos de 4º e 7º ano do ensino fundamental ou séries equivalentes nos países participantes. São eles: Argentina, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai.
As provas avaliaram o desempenho em leitura, escrita e matemática. No caso do 7º ano, também foi avaliada a área de ciências naturais. Ao todo, 8.871 estudantes brasileiros participaram. Destes, 4.522 cursavam o 4º ano e 4.349, o 7º.
Resultados brasileiros — Os resultados do Erce 2019 são apresentados na mesma escala de proficiência do estudo anterior, o Terce 2013, o que permite compará-los. Em leitura, o Brasil atingiu proficiência média de 748 pontos no 4º ano, resultado que é superior ao regional do Erce 2019. Além disso, o País tem uma proporção menor de estudantes no nível I (mais baixo desempenho) que a média regional e maior no nível IV (mais alto desempenho), registrando aumento desde o estudo anterior.
No 7º ano, também em leitura, os estudantes obtiveram proficiência média de 734 pontos, resultado que é superior à média regional do Erce 2019. Além disso, o Brasil apresenta uma menor proporção de alunos no nível I em comparação com a média regional e maior no nível IV. Em relação ao estudo Terce 2013, o país tem maior porcentagem de estudantes no nível IV.
Já em matemática, o Brasil exibe uma proficiência média de 744 pontos no 4º ano, o que é superior à média regional do Erce 2019. O País ainda apresenta uma menor proporção de estudantes no nível I do que a média regional. A respeito do Terce 2013, há uma menor porcentagem de estudantes no nível I de baixo desempenho e maior no nível IV.
No 7º ano, o Brasil obteve 733 pontos, média que é superior à da região no estudo Erce 2019. Além disso, há uma menor proporção de estudantes no nivel I que a média regional e maior no nível IV. Em relação aos resultados anteriores do Terce 2013, o estudo mais recente mostra uma menor porcentagem de estudantes no nível I e II e maior nos níveis superiores.
Em ciências naturais (7º ano), o Brasil obteve média de 718 pontos, resultado superior ao regional do Erce 2019. Além disso, apresenta uma menor proporção de estudantes no nível I em comparação com o Terce 2013 e também com a média da região.
Em ambos os anos escolares, nota-se uma diferença significativa, a favor das meninas, em leitura, o que é uma tendência na região, e a favor dos meninos, no 7º ano, em matemática. O Brasil é um dos cinco países em que isso ocorre.
Ano escolar | Área curricular | Proficiência média | Comparação com proficiência média dos países Erce 2019 | Comparação com o Terce 2013 | Disparidades de gênero |
4º ano | Leitura | 748 | +51* | +36* | 12 pontos a favor das meninas |
Matemática | 744 | +46* | +17* | Não há diferença | |
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7º ano | Leitura | 734 | +38* | +13* | 17 pontos a favor das meninas |
Matemática | 733 | +36* | +24* | 12 pontos a favor dos meninos | |
Ciências naturais | 718 | +16* | +18* | Não há diferença |
Nota: O asterisco (*) indica se as diferenças são estatisticamente significativas.
Fatores associados — O Erce 2019 aponta que, no Brasil, os aspectos que levam aos melhores resultados de aprendizagem são o acesso à educação pré-escolar, os dias de estudo semanais, o envolvimento parental e as expectativas dos pais, além do maior nível socioeconômico das famílias. Em contraponto, de acordo com o estudo, os aspectos limitadores para a aprendizagem são a repetência e o absenteísmo. Também se observa a necessidade de aprimorar os mecanismos equitativos que promovam a aprendizagem entre os indígenas.
Sobre os fatores que impactam os níveis de aprendizagem, nota-se que o desempenho dos estudantes, geralmente, está ligado ao acesso à pré-escola. O Estudo também ressaltou a importância das características das escolas para o rendimento dos alunos. Segundo o estudo, cerca de 40% a 50% das diferenças de aprendizagem mapeadas podem ser explicadas por fatores da escola que frequentam. O Erce revelou que, quanto maior o nível socioeconômico das escolas, maior o desempenho de seus estudantes.
No que diz respeito ao corpo docente e às práticas associadas aos maiores resultados, o estudo aponta o interesse pelo bem-estar dos estudantes; o apoio à aprendizagem do aluno; as expectativas acadêmicas dos professores em relação aos estudantes, além da organização e planejamento do ensino. O Erce também pontua o desafio brasileiro em relação à equidade, tendo em vista que o maior nível socioeconômico das escolas e a assistência às escolas privadas se associa aos maiores resultados de aprendizagem.
Altas Expectativas dos pais – Um ponto importante observado neste Estudo é a associação positiva entre a expectativa de escolaridade futura dos estudantes por parte dos pais e um melhor nível de aprendizagem. Aproximadamente seis de cada 10 famílias esperam que seus filhos completem ao menos o ensino superior, acessando a Universidade. na média, os estudantes cujas famílias tem altas expectativas em relação aos seus filhos tem 60 pontos a mais na média das provas em comparação com estudantes cujos pais declaram expectativas menores. Esses resultados são congruentes com a literatura sobre o assunto, que mostra uma relação positiva entre as expectativas parentais e os ganhos de aprendizagem presente e futuros dos filhos (Pinquart & Ebeling, 2020).
Resultados regionais — Ao mesmo tempo que o Erce 2019 mostra avanços em relação aos estudantes brasileiros, os dados regionais — que consideram todos os países participantes — apontam para a necessidade de mobilizar esforços para melhorar os níveis de aprendizagem dos estudantes da América Latina e Caribe como um todo. De acordo com o estudo, 44% dos estudantes da 3ª série (equivalente ao 4º ano) estão no nível mais baixo de desempenho em leitura, por exemplo.
Os resultados também mostram que uma grande proporção de estudantes da região aprende pouco nos primeiros anos de suas trajetórias educacionais. Mais de 40% dos alunos na 3ª série e mais de 60% daqueles que cursam a 6ª série (equivalente ao 7º ano) não conseguem adquirir as competências mínimas estabelecidas para os níveis educacionais avaliados.
A aprendizagem em matemática é um desafio em toda região, em ambas as séries avaliadas. Quase 50% dos estudantes se encontram nos níveis de menor desempenho. No caso de ciências, aproximadamente um em cada três estudantes está no menor nível de desempenho. O estudo também revela que, em 7 dos 16 países participantes, há disparidade entre gêneros. Nesses casos, as meninas obtêm resultados melhores que os meninos.
Erce — Realizado periodicamente desde 1997, o estudo é direcionado aos países da América Latina e Caribe, com o objetivo de monitorar os avanços na aprendizagem dos estudantes da região. O Brasil participa desde a primeira edição. Os dados apurados pelo Erce são evidências sobre os desempenhos de aprendizagem e os fatores associados que os explicam. Esses resultados possibilitam orientar as políticas públicas educacionais dos países envolvidos, fortalecendo a qualidade e a equidade da educação. (Assessoria de Comunicação Social do Inep)
Acesse o resumo executivo do resultados regionais (em espanhol)
Apresentação dos resultados de fatores associados (em espanhol)